sábado, 14 de agosto de 2010
Mudanças Climáticas Alteram o Ciclo do Carbono
Acredito que hoje em dia todo mundo já ouviu falar em ciclo do carbono, em toneladas de carbono equivalente, em sequestro de caborno e coisas do gênero. Mas poucos sabem como funciona o ciclo do carbono.
O equilíbrio dinâmico que o clima da Terra alcançou, após centenas de milhões de anos, estava ligado a um ciclo do carbono relativamente regulado. Era como se existisse um "mágico-malabarista", que o fazia passar do estado sólido ao gasoso, da biosfera e dos oceanos à atmosfera. Esse processo, porém, foi desestabilizado pela Revolução Industrial, que precisou da combustão de matérias fósseis carbonáceas, como o petróleo, o carvão e o gás dito natural, para prosperar.
Assim, despejaram-se bilhões de toneladas de carbono (CO2), presas sob os solos e os aceanos, na atmosfera, modificando drasticamente as quantidades envolvidas no ciclo. Bilhões de anos foram necessários para a sua fossilização, porém, não mais do que algumas décadas para essa mudança radical.
Felizmente, o nosso "mágico-malabarista" tem alguns truques para compensar um pouco o desequilíbrio: a biosfera - composta por vegetação, solos e oceanos, imensos reservatórios de CO2. Esses meios absorvem o CO2 da atmosfera para integrá-lo ao solo, ou precipitá-lo em carbonatos. Fazendo isso, já assimilam quase metade das emissões antrópicas. Por isso esse processo é chamado de "sequestro de carbono".
Mas - infelizmente sempre tem um "mas" - existe um problema ligado a essa jogada: a quantidade retida nos oceanos está diminuindo por causa do aquecimento global. Estima-se que o aumento das temperaturas dos oceanos reduza a capacidade de sedimentação, diminuindo, quando não suprimindo totalmente, as correntes oceânicas responsáveis pelo depósito de sedimentos, como na Groelândia e no Pacífico.
E, pra complicar ainda mais esse quadro, o desmatamento das florestas tropicais, a superexploração da agricultura e pecuária e o avanço do concreto no processo de urbanização, reduzem ainda mais o papel compensatório da biosfera. E não podemos deixar de citar a contribuição da desertificação, crescente por causa do aquecimento global, particularmente na África e no Nordeste do Brasil.
A foto acima foi feita na COP15, em Copenhague, e mostra a representação de 1 tonelada de CO2.
A biosfera possibilita uma margem de manobra no controle das nossas emissões de CO2, mas de forma limitada. Estima-se que ela possa reciclar naturalmente entre 3 a 4 gigatoneladas (bilhões de toneladas) de CO2 por ano. Essa quantidade é suscetível de mudanças decorrentes da alteração do ciclo e da exploração humana na biosfera. Logo, não podemos apenas contar com sequestro natural de CO2 para resolver o problema climático. Ou seja, a única solução concreta é reduzir as emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa (GEE) na fonte, processo este conhecido como mitigação das emissões, respeitando a margem de 3,5 gigatoneladas que a biosfera nos possibilita.
Essa mudança de postura deve ser geral, onde cada um de nós deve assumir o seu papel e não esperar que as empresas descasquem sozinhas esse abacaxi. O ser humano é parte integrante do ciclo de carbono de forma ativa e passiva, embora, ao que parece, muitos ainda não tenham tomado consciência disso. Claro, enquanto sociedade, evoluímos muito em relação a questões relacionadas ao meio ambiente e à sustentabilidade, mas ainda muito pouca gente evoluiu nesse sentido. Por isso é muito importante a troca de informações, a discussão sobre o tema e, principalmente, a adoção de práticas de consumo consciente, que será tema de um dos próximos posts.
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Poxa, nunca tinha ouvido falar dessa história do carbono! Interessante como a natureza é perfeita, como tudo se encaixa e se equilibra e também como a gente tem o poder de desequilibrar tudo isso.
ResponderExcluirÉ vero, Camila. Entre todos os seres vivos, nós somos os únicos que conseguem quebrar essa harmonia. Ou mudamos de postura agora, ou as próxima gerações terão que procurar uma "Lua de Pandora".
ResponderExcluirMuito bom mesmo este já é o meu trabalho de Biologia !
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