domingo, 16 de maio de 2010

CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - II: a Necessidade da Mudança


O desenvolvimento sustentável representa uma nova e inevitável revolução cultural e isso requer o envolvimento de todos (governos, instituições públicas e privadas, terceiro setor, população). Mas será que aqueles que detêm o poder no mundo têm plena consciência da obrigatoriedade dessa revolução, ou interesse nela?

Antes de qualquer coisa, a mudança deve ser intelectual, ou seja, no modo de pensar e encarar a realidade. E o primeiro já foi dado: a grande contribuição dos ambientalistas responsáveis foi ter levado ao conhecimento do público a certeza de que a sobrevivência da espécie humana é hoje a principal prioridade, à frente de qualquer outra problemática.

A cultura, atrelada às políticas públicas, tem papel importante nesse processo de mudança e, conseqüentemente, na consolidação dos princípios do desenvolvimento sustentável entre os cidadãos, pois há uma tendência – que não consigo compreender o por quê – em deixar a dimensão cultural do desenvolvimento sustentável em segundo plano. Dentro desse contexto, poderíamos incluir também o trabalho do terceiro setor como importante ferramenta para “massificar” a discussão e os problemas ambientais. Um bom exemplo é o sucesso internacional de ‘Uma Verdade Inconveniente’, filme do ex-vice-presidente americano Al Gore, que reflete e acentua a percepção crescente de todos acerca do desequilíbrio ambiental, de suas causas e até mesmo soluções.

A escritora francesa Susan George declarou que “estamos todos a bordo do Titanic, mesmo que alguns viajem de primeira classe”. De fato, vastos setores dos países industrializados e a esmagadora maioria dos habitantes dos países pobres já estão na segunda ou na terceira classes, para não dizer nos porões. Assim, o que será de nós amanhã, com o aquecimento global, a elevação dos oceanos, as tempestades e os furacões, a desertificação, o desmatamento, a extinção de espécies, a erosão dos solos, a escassez de água, as epidemias etc.? E para onde irão as centenas de milhões de homens e mulheres expulsos de sua terra natal? Para onde irão emigrar?

Essas são fontes de um futuro que já ocorre hoje. Um dos principais pontos do confronto entre Israel e Palestina não é a água? E a anunciada carência de petróleo não é um dos motivos que opõem a Rússia aos países ocidentais no Cáucaso e na Ásia Central? O sofrimento em Darfur não advém também do combate pelo controle dos recursos naturais, cada vez mais escassos? Será por acaso que, da Ásia ao Magreb, a Al-Qaeda e suas células buscam arregimentar novos terroristas nas regiões menos favorecidas?

Esse novo paradigma marca uma ruptura no pensamento tradicional. No entanto, as questões ambientais não se sobrepõem às políticas. A destruição progressiva dos nossos recursos naturais resulta da lógica do lucro em curto prazo, posto à frente das reais necessidades humanas. Em longo prazo, a preservação da vida humana implica rupturas radicais na maneira como administramos o planeta, a fim de que o estilo de vida das populações ricas leve em consideração a capacidade de suporte da Terra e os interesses dos bilhões de pobres sem acesso a seus recursos naturais.

2 comentários:

  1. É real a preocupação mencionada no texto lido, em relação ao Titanic achei uma ótima analogia diante da mentalidade que ainda persiste de que apenas os pobres e nações menos favorecidas é que vão pagar por esse consumo desenfreado ao qual vivemos e vemos cada vez mais ser incitado através da mídia. Massa essa postagem, abraço meu amigo Luiz.

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  2. Adorei a analogia com o Titanic. Afinal dinheiro não compra tudo.

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