quarta-feira, 19 de maio de 2010
CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - III: do Consumismo ao Consumo Consciente
Em 1997, os “serviços prestados” ao mundo pelos ecossistemas foram avaliados em, no mínimo, 55 trilhões de Reais por ano. O cálculo, feito pelo Economista Robert Costanza e sua equipe, demonstra que o valor do capital natural é superior ao PIB mundial, da ordem de 29 trilhões de Reais por ano.
Divididos por 6 bilhões de habitantes, esses 55 trilhões significam cerca de 9 mil Reais por pessoa. Até que não sairia caro se levarmos em consideração as atividades vitais exercidas pelos ecossistemas, tais como a regulação das composições atmosférica, climática e aqüífera, a formação dos solos, o tratamento de resíduos, a polinização, a manutenção do hábitat das espécies, a produção de alimentos, de matérias-primas, de recursos energéticos, de entretenimento e de contemplação. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) calculou o aporte econômico anual dos mangues e dos recifes de coral em um montante estimado entre 324 mil e 1,5 milhão de Reais/km², dependendo da região. Isso significa que as degradações do meio ambiente, originadas particularmente pelo aquecimento global e que tem sua causa primária no consumismo desenfreado, poderão provocar uma recessão econômica sem precedentes.
Nunca se consumiu tanto como nos últimos trinta anos. Chegamos ao ponto em que consumimos 20% a mais da capacidade de regeneração do planeta. Uma das causas dessa mudança pode ter sido a rapidez com que centenas de milhões de pessoas passaram a fazer parte da classe média. O nosso Brasil e a Índia são exemplos claros dessa realidade, onde essa imensa quantidade de novos consumidores agora tem muitos desejos e “necessidades” antes comuns das nações mais ricas do planeta, o que tem gerado uma demanda quase insaciável dos recursos naturais.
O comércio global elevou a um novo patamar o apetite de todo o mundo, uma vez que mais pessoas passaram a consumir mais de tudo. Hoje, o mundo em que vivemos está interligado por novos vínculos de comunicação, de trocas e consumo. Claro, não podemos negar que esse intercâmbio internacional melhorou as condições de vida de muita gente, mas também impôs um alto preço ao planeta e a muitos de seus habitantes, onde mais de 1 bilhão de pessoas continuam vivendo numa miséria abjeta. Além disso, o atual padrão de consumo dominante no mundo começa a lançar uma dúvida quanto à sustentabilidade do próprio sistema econômico global: várias das matérias-primas que sustentaram o crescimento estão se exaurindo, aliado à crescente ameaça de devastadoras mudanças climáticas.
Então, por que insistimos em manter esse estilo de vida pautado no consumismo exagerado? A resposta a essa pergunta passa por uma série de questões, como as aqui abordadas, e que são fundamentais para a população despertar para o consumo consciente. Instituições como o Instituto Akatu, a Adbusters, a Novo Olhar Consultoria em Sustentabilidade e tantas outras, que têm um compromisso verdadeiro com a saúde do planeta e a busca por melhores condições de vida da população, possuem um papel fundamental nesta missão de incentivar a mudança de postura das pessoas, onde a (re)educação fará toda a diferença.
As próximas décadas trarão muitos desafios para a humanidade. Seremos obrigados a mudar o nosso estilo de vida, aprendendo a equilibrar o consumo de bens com a conservação dos recursos naturais. Isso tudo, em meio às mudanças climáticas e ao crescimento demográfico neste limitado e maravilhoso planeta que sempre foi o nosso lar.
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