quinta-feira, 15 de julho de 2010

PESCA EM ALTO-MAR – II: A Tomada de Consciência e as Primeiras Ações de Controle


Como vimos no post anterior, nada escapa à passagem das traineiras, nem as fontes hidrotermais e os corais de águas frias, que compõem hábitats essenciais para a reprodução de espécies. Alguns deles levaram até 2 mil anos ou mais para se desenvolver. Porém, ao contrário dos peixes, essa riqueza toda não tem valor comercial e é simplesmente jogada de volta ao mar, após ser destruída durante as explorações de águas profundas.

Mas nem tudo está perdido. Aqueles que trabalham para salvar os ecossistemas marinhos de águas profundas obtiveram uma vitória importante: os países do Pacífico Sul deram razão à Coalizão pela Conservação do Mar Profundo (DSCC) ao adotar, em maio de 2007, uma moratória contra a pesca que ameaçava a região. Assim, a zona protegida passou a representar 25% do alto-mar mundial.

A DSCC também apelou à Assembléia Geral das Nações Unidas, solicitando a recomendação de uma moratória mundial em alto-mar. Mas, embora reconheça a legitimidade do problema, a ONU continua se escondendo atrás dos organismos regionais de gestão de pesca. A DSCC espera que a decisão adotada pelo Pacífico Sul tenha um efeito de bola de neve e acelere o movimento global.

Por ocasião da Conferência sobre Governo e Biodiversidade, ocorrida em Paris, em janeiro de 2005, Edward Osborne Wilson, cujo trabalho inspirou a criação da Agência para a Proteção do Meio Ambiente dos Estados Unidos, lembrou que “uma sociedade é definida não só pelo que cria, mas também pelo que escolhe não destruir”.

Depois de ter sido responsável pelo desaparecimento de parte considerável das riquezas costeiras, a humanidade pode escolher agora não destruir as riquezas ecológicas das profundezas.

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