domingo, 28 de março de 2010

Futebol e Violência: uma realidade a cada dia mais comum


A cada rodada do Campeonato Pernambucano de Futebol as cenas de barbárie e violência se repetem nas ruas do Recife, protagonizadas por integrantes de "torcidas organizadas" dos três grandes clubes da capital - Fanáutico (Náutico), Jovem (Sport) e Inferno Coral (Santa Cruz). Hoje teve o clássico entre Sport x Santa Cruz, na Ilha do Retiro, vencido pelos donos da casa. Antes e depois do jogo, as duas torcidas tocaram o terror no Derby, na Av. Agamenon Magalhães e na Conde da Boa Vista.

No início do texto eu coloquei "torcidas organizadas" (entre aspas) porque essas pessoas não são torcedores, e sim marginais infiltrados nas torcidas. Antes dos jogos, assaltam os torcedores a caminho do estádio, não importando se são do mesmo time ou não, depredam o patrimônio público e privado, quebram ônibus e se envolvem em brigas com os adversários, o que muitas vezes acaba em morte. Após as partidas, o ritual se repete. Infelizmente, isso não se limita aos clássicos e muito menos tem relação com o resultado do jogo. Ontem, o Náutico (o meu time) venceu a Cabense, nos Aflitos, e os mesmos atos de vandalismo aconteceram. Eu não fui ao estádio, mas presenciei cenas lamentáveis no bairro da Encruzilhada, enquanto voltava do Recife Antigo com o meu filho, no mesmo horário em que acabara a partida nos Aflitos. Alguns membros da Fanáutico invadiram os ônibus, jogaram pedras nos táxis e em outros carros parados, gritavam palavras de violência e só se acalmaram quando a polícia entrou em ação. O pior disso tudo é que a polícia tem feito o seu trabalho, hoje, por exemplo, foram disponibilizados para o clássico quase setecentos policiais, o que coloca o governo numa tremenda saia justa, pois é inadimissível e inviável deslocar todo o contingente policial para uma simples partida de futebol. É uma situação muito delicada, principalmente porque Recife é uma das sedes da Copa de 2014.

Se as autoridades estão acertando no quesito contingente policial, a falha está na impunidade dos vândalos. Sempre a polícia detém alguns deles, que são conduzidos ao Juízado do Torcedor. Porém, as penas são muito leves e, o principal, os marginais não são impossibilitados de ir a outros jogos. A solução para o problema, que não se restringe a Recife, deve ser a mesma adotada pela Inglaterra, Alemanha, Turquia e outros países realmente comprometidos com a segurança e o bem-estar da sua população: além de prendê-los, de acordo com a gravidade do ato criminoso, a punição inclui pagamento de multa (pesada, diga-se de passagem), serviços comunitários (geralmente em hospitias, para ver de perto o sofrimento de vítimas da violência) e a criação de um cadastro desses bandidos, que são detidos a cada dia de jogo do seu time durante o tempo estipulado pelo Juiz (de Direito, lógico). E não pára por aí, eles são obrigados a participar de programas de educação psicossocial e cursos profissionalizantes, caso necessário.

Eu adoro futebol, tanto assistir como jogar. Mas, por conta da violência, faz mais de um ano que eu não vou ao estádio. Meu filho tem sentido falta, mas enquanto essa situação não mudar, futebol só pela TV - e olhe lá, porque com essa bolinha que o Náutico tá jogando...

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