sábado, 6 de fevereiro de 2010

Carnaval de Pernambuco VI - Frevo


Encerrando a série ‘Carnaval de Pernambuco: a Verdadeira Festa da Cultura Popular’, apresentamos o maior ícone da nossa cultura: o Frevo. Esperamos que esta série alcance o seu objetivo de levar a cada um de vocês um pouco da história dos nossos principais folguedos populares, os nossos brinquedos, o que é fundamental para que possamos defendê-los e manter viva a chama da tradição.

Agora é com vocês. Boa folia e um carnaval com muita Paz, seja em Recife, Olinda ou no interior!

“Deixe o Frevo rolar,
eu só quero saber
Se você vai gostar.
Ah, meu bem
sem você,
não há carnaval.
Vamos cair no passo
e a vida gozar.”
(trecho do Hino dos Batutas de São José – João Santiago dos Reis)

Recife,1896. A ansiedade da torcida se transforma em euforia quando a Banda da Guarda Nacional desponta na esquina, para eles, não havia banda de música mais afinada nem repertório mais animado. Porém, do outro lado da rua, estava a torcida da Banda do 4º Batalhão, que pensava exatamente o mesmo da sua banda. Abrindo caminho à frente de cada banda, vinham os capoeiristas, negros libertos que exibiam os seus golpes e movimentos ao som da música tocada. Os capoeiristas traziam velhos guarda-chuvas e até porretes de madeira, utilizados como arma em caso de choque com os adversários, o que era muito comum na época.

Com o tempo, os Dobrados tocados pelos militares evoluíram para o Frevo, esse ritmo vibrante e contagiante, tipicamente pernambucano. Dos golpes e movimentos dos capoeiristas nasceu a dança, o passo do Frevo. Unidas, música e dança, formam um espetáculo único e de rara beleza. As sombrinhas de Frevo, utilizadas como adorno e também para dar equilíbrio aos passistas, em nada lembram os grandes guarda-chuvas e muito menos os velhos porretes dos capoeiristas. Elas são pequenas e multicoloridas, dando um ar de graça e beleza ao passista e à dança.

A palavra Frevo nasceu da linguagem simples do nosso povo e vem de ferver, que as pessoas pronunciavam “frever”. Significa fervura, efervescência, agitação. A primeira referência ao Frevo na Imprensa foi no Jornal Pequeno, na edição de 09 de fevereiro de 1907, data oficialmente instituída como o Dia do Frevo. Enquanto música, o Frevo é uma composição ligeira, de execução vigorosa. É uma alegre mistura de Polca e Dobrado, com influência do Maxixe,do Galope, da Quadrilha, da Marcha e do Tango brasileiro. Possui três categorias facilmente identificáveis: o Frevo-de-Rua (sempre instrumental e mais ‘pegado’, enérgico, frenético), a Marcha de Bloco (marcada pelo lirismo e nostalgia dos antigos carnavais, possui letra e é executado por uma orquestra formada por instrumentos de pau e corda, como o violão, o banjo e a flauta) e o Frevo-Canção (semelhante às Marchinhas cariocas, onde a poesia das letras fala sobre temas diversos, como o Recife, Olinda, o carnaval, a beleza da mulher pernambucana, o próprio Frevo).

O passo do Frevo, marcado pela liberdade de movimentos, nasceu muito mais do improviso do que de alguma coreografia previamente ensaiada, tornando esta dança peculiar e diferente de qualquer outra. Dos golpes de Capoeira, o passo evoluiu e continua a evoluir mais e mais a cada dia. Hoje, são catalogados mais de cento e vinte passos, o que exige muito treino, técnica apurada e excelente preparo físico. A roupa adequada para se cair no passo é aquela que permite a ampla movimentação do passista, pois o Frevo não exige roupa típica, vale a que der mais liberdade. Por isso, blusas curtas e minissaias rodadas são as preferidas pelas passistas, e bermudas e camisetas pelos passistas.

O Frevo, nascido e criado no Recife, cruzou fronteiras e hoje é mundialmente conhecido como uma música e dança alegre e vibrante, que encanta e empolga. Para cair no passo não basta apenas olhar a desenvoltura dos passistas, é preciso deixar a música fluir por todo o corpo, até explodir num passo rasgado!

“Quero sentir
a embriaguez
do Frevo,
que entra na cabeça,
depois toma o corpo
e acaba no pé!”
(trecho de Voltei Recife – Luis Bandeira)

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