sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Mundo de Paradoxos


Não há como negar que a contradição é um dos motores que impulsionam a história da humanidade.

Nem mesmo o próprio Filho de Deus, escapou do paradoxo – Ele nasceu numa região de deserto subtropical, onde jamais nevou. Mas a neve tornou-se um símbolo universal do Natal, desde que a Europa decidiu europeizar Jesus... E, como se isso ainda não bastasse, o Seu nascimento é hoje o negócio mais lucrativo para os mercadores que Jesus expulsou do Templo...

Adolf Hitler, o mais alemão dos alemães, era austríaco. Não era russo Josef Stálin, o mais russo dos russos. Napoleão Bonaparte, o mais francês dos franceses, não era francês. Margherita Safartti, a mulher mais amada pelo anti-semita Benito Mussolini, era judia. Ernesto Guevara, o Che Guevara, foi considerado totalmente inapto para a vida militar pelo exército argentino. Miguel Arraes, o mais pernambucano dos pernambucanos, era cearense. Ariano Suassuna, maior ícone vivo da cultura de Pernambuco, é paraibano...

Os negros do sul dos Estados Unidos, os mais oprimidos, criaram o Jazz, a mais livre das Músicas... Dom Quixote, o mais andante dos cavaleiros, foi concebido no fundo de um cárcere...

"Acho que você está meio nervosa", diz o estressado. "Te odeio", diz a apaixonada. "Eu jamais trairia você, meu amor", diz aquele que já está tendo um caso com a vizinha ou uma colega de trabalho...

E assim, paradoxalmente, a vida segue o seu rumo, onde cada promessa é uma ameaça e cada perda, um recomeço. Do medo nasce a coragem. Das dúvidas, as certezas. Da dor, o aprendizado. Os sonhos anunciam outra realidade possível. E os delírios, outra razão.

Somos, enfim, o que fazemos para transformar o que somos. A nossa identidade não é uma peça de museu para ficar imóvel nos corredores da mente. Ela deve ser sempre a inquieta e assombrosa síntese das contradições nossas de cada dia, através dos tempos, em busca do equilíbrio, na louca aventura de viver nesse mundo de paradoxos.

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