terça-feira, 26 de outubro de 2010
Encalhe de Baleias: o que podemos e o que não devemos fazer?
Artigo de Alerta - Por Marcelo Szpilman*
A notícia abaixo, divulgada ontem no Globo Online, soma-se a tantas outras que vem comovendo as pessoas e promovendo calorosos debates em torno dessa questão.
Baleia encalha na praia de Geribá, em Búzios:
RIO (25/10/10) - Uma baleia jubarte, com cerca de 15 metros e 30 toneladas, está encalhada desde o início da tarde na Praia de Geribá, em Búzios, a cerca de dez metros da areia.
Segundo o fotógrafo Sérgio Quissak, que está no local, a baleia está muito agitada. Duas traineiras de grande porte estão tentando puxar a baleia para alto mar, mas ainda não tiveram sucesso. Cerca de 300 pessoas acompanham o resgate da jubarte.
- No Brasil não temos equipamento adequado para puxar uma baleia deste porte. Além disso, ao que tudo indica, ela já chegou debilitada na praia. Está se fazendo o possível para salvar a baleia, mas é uma operação muito difícil - disse o prefeito Mirinho Braga, que comanda a equipe da prefeitura que tenta salvar a baleia.
A visão do triste espetáculo da baleia encalhada costuma provocar em nós a ânsia de ajudá-la e, quem sabe, até salvá-la da morte. E não é difícil explicar as correntes humanas que se formam para ajudar esses cetáceos ou as aglomerações comovidas pela impotência diante do sofrimento do animal. Mas, diferente do que gostaríamos, esse é um evento da natureza sobre o qual o homem pouco pode interceder.
Dos esporádicos casos de encalhes de grandes cetáceos vivos acontecidos nos últimos 20 anos, muito poucos resultaram em desencalhe. Ainda assim, grande parte do êxito nesses poucos casos de sucesso deve-se quase que exclusivamente às condições da maré e da praia em que o animal encalhou. Ou seja, a interferência do homem não faz parte dos fatores que ditam a sorte da baleia encalhada.
Pode-se empurrar ou puxar uma baleia encalhada?
Como ainda não existem equipamentos adequados, as bem intencionadas manobras para empurrar ou puxar o animal resultarão em inócuas tentativas improvisadas de resgate, estresse ou mesmo danos à sua estrutura corporal. Quem frequenta a praia sabe que um homem adulto de 80 kg sentado na areia na beira da água cria um buraco e afunda na medida em que as ondas batem. Nessas circunstâncias, empurrar ou puxar, na tentativa de "desencalhar" essa pessoa, não são as melhoras medidas, mas sim levantá-la. Com uma baleia pesando dezenas de toneladas e sem nenhuma intenção de ajudar, é impossível arrastar ou levantar.
O que podemos fazer?
A melhor ajuda que podemos dar a uma baleia encalhada é isolar a área para que os curiosos e bem intencionados não atrapalhem ou machuquem o animal. Com raras exceções, somente a sorte e a própria natureza podem interceder a favor da baleia nesse momento. Somente ela poderá tentar desencalhar-se sozinha. Se não conseguir desencalhar-se em até 24 horas, o enorme estresse e os danos provocados em sua estrutura física e em sua fisiologia, que não foram projetados para suportar tamanho peso e compressão fora d’água, passam a determinar seu fim. Quando o animal encalha na maré alta, seu desencalhe é praticamente impossível - caso da baleia que encalhou ontem em Geribá.
Porque as baleias encalham?
As causas naturais do encalhe de baleias podem ser as mais variadas, indo de doenças que provocam problemas no senso espacial a equívocos ou inexperiência no cerco de um cardume de sardinhas. Contudo, não podemos nos esquecer que o encalhe de baleias sempre foi e sempre será um evento incomum da natureza do qual os homens não participam.
Porque houve aumento de encalhe de baleias?
O aumento do número de baleias encalhadas, curiosamente, tem a ver com o aumento das populações de baleias no litoral brasileiro. Graças à proibição da pesca da baleia e ao excelente trabalho de proteção e preservação que vem sendo realizado há mais de 18 anos pelo Projeto Baleia Jubarte e pelo Projeto Baleia Franca, a quantidade de baleias que hoje nadam ao longo do nosso litoral em suas rotas migratórias aumentou bastante, o que também aumentam as chances de um encalhe.
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Maiores informações entre em contato com oInstituto Ecológico Aqualung:
Rua do Russel, 300 / 401, Glória, Rio de Janeiro, RJ. 22210-010
Tels: (21) 2558-3428 ou 2558-3429 ou 2556-5030
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E-mail: instaqua@uol.com.br
Site: http://www.institutoaqualung.com.br
*Marcelo Szpilman, Biólogo Marinho formado pela UFRJ, com Pós-Graduação Executiva em Meio Ambiente (MBE) pela COPPE/UFRJ, é autor do livro GUIA AQUALUNG DE PEIXES, editado em 1991, de sua versão ampliada em inglês AQUALUNG GUIDE TO FISHES, editado em 1992, do livro SERES MARINHOS PERIGOSOS, editado em 1998/99, do livro PEIXES MARINHOS DO BRASIL, editado em 2000/01, do livro TUBARÕES NO BRASIL, editado em 2004, e de várias matérias e artigos sobre a natureza, ecologia, evolução e fauna marinha publicados nos últimos anos em diversas revistas e jornais e no Informativo do Instituto Aqualung. Atualmente, Marcelo Szpilman é diretor do Instituto Ecológico Aqualung, Editor e Redator do Informativo do citado Instituto, diretor do Projeto Tubarões no Brasil (PROTUBA) e membro da Comissão Científica Nacional (COCIEN) da Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos (CBPDS).
terça-feira, 19 de outubro de 2010
A BUSCA DE BRUCE – VII: Speak Low.
De longe, Bruce avista Hannah sentada em frente ao manguezal, no Pontal de Maracaípe. Ela rabisca algo na areia, provavelmente o seu nome, “ela adora escrever com o ‘h’ inicial e final maiúsculos (HannaH). Não muda, mesmo de trás pra frente.” – ele sorri.
Uma das coisas que Bruce mais curte em Hannah é o seu espírito de menina moleca, que sempre vem à tona em algumas brincadeiras bobas, como essa com o seu próprio nome. Com Hannah tudo flui naturalmente e Bruce se sente leve, em paz. Isso tudo o assustou antes, mas agora ele tem medo de não poder sentir mais essa liberdade.
Hannah está tão concentrada nos seus rabiscos que nem percebe a aproximação de Bruce. Ele, porém, observa cada movimento, cada gesto de Hannah. “Ela tá mais linda do que nunca”, pensa ele. “Sua pele bronzeada realça ainda mais o sinal que ela carrega no lábio superior – essa manchinha marrom no lado direito, que ela sempre reclamou, sempre me deixou louco! – e esse vestidinho branco destaca ainda mais os seus cabelos negros cacheados e todo o brilho dos seus olhos verdes...”
- Bom dia moça?
Hannah, ao ouvir a sua voz, pára de desenhar na areia, fecha os olhos e responde:
- Bom dia, Bruce... Você veio voando, cuidado rapaz.
Bruce senta de frente para Hannah e sorri, meio sem jeito.
- Você tá linda...
- E você tá nervoso. Eu nunca te vi assim antes. Será que Bruce tem coração?
Ele percebe o quanto Hannah está magoada. “Eu não posso cometer mais erros”, pensa ele.
- Hannah, eu passei a semana toda indo no seu apartamento. Hoje mesmo eu tava lá antes das 08h e vim de Recife, dirigindo feito um louco, pra a gente conversar numa boa. Eu sei que vacilei, fiz muita merda mesmo, mas nunca te iludi. A gente nunca falou assim um com o outro. Por favor, se desarma e me ouve. Se depois você quiser que eu desapareça da sua vida, é assim que vai ser. Mas, por favor, conversa comigo.
- É Bruce, você tá diferente mesmo. O Wolverine recolheu as garras, desculpa.
- ... Hannah, essas semanas longe de você foram os piores momentos da minha vida. Eu demorei a admitir, mas eu gosto de você, menina. Você não faz idéia do quanto eu senti a sua falta.
- Dá pra imaginar como você ficou mal, Bruce. Mas você saiu com quantas nesse período pra ficar bem?
“Mulher magoada é foda!” – pensa ele, lembrando das palavras da sua mãe.
- Tudo bem, saí com algumas. Mas me sentia péssimo depois, o que já vinha acontecendo há um bom tempo. E já faz mais de uma semana que não saio com ninguém, isso porque não quero outra que não seja você, Hannah.
- E isso é pra valer, Bruce? Eu não quero me machucar mais. Eu sempre deixei claro que gostava de você e soube, sentia, que você também gostava de mim. Mas você nunca expressou isso e quando começávamos a engatar uma convivência mais constante, você sumia. Por quê?
Essas palavras atingiram a Bruce como dardos. A verdade é uma coisa bela e desconcertante. Mas ele respira fundo, segura Hannah pelos ombros e diz:
- Eu sei que fui um covarde por ter medo de aceitar o que sentia por você e, principalmente, de me envolver em algo de longo prazo. Mas agora eu acordei, Hannah, e quero ficar com você. Quando somos solteiros vivemos na esperança de um dia encontrar o nosso verdadeiro Amor. E essa esperança nos faz buscar, experimentar, só que vicia pra caramba. Mas, como todo vício, chega uma hora em que devemos dar ao diabo a sua paga, ou seja, os danos colaterais superam e muito o prazer. E eu já paguei mais do que devia por não aceitar o que sinto por você.
- E o que você sente por mim, Bruce?
- Eu te amo, Hannah...
- ... Me perdoa por ter sido egoísta durante tanto tempo. Fica comigo. Eu to aqui, inteiro, pra você, Hannah.
Hora do torturante silêncio de uns cinco segundos, mas que parece durar uma eternidade...
- Bruce, eu já tava disposta a nunca mais te ver. Aí você vem com essa... Quer me deixar louca é? – ela começa a esboçar um lindo sorriso, acompanhado de algumas lágrimas.
- Precisa não, você é louca por mim mesmo. Sempre foi... – os risos se transformam em gargalhadas.
- Você sabe que tudo tem que ser diferente, né Bruce? Cuida bem da gente.
- Vai ser diferente, Hannah. Eu vou cuidar bem da gente, junto com você. Tudo o que eu mais quero, Hannah, é dormir com você toda noite e te acordar a cada manhã, sem estar de ressaca, e dizer que você é linda, que é a mulher da minha vida e que eu te amo. Quero fazer isso pelos próximos trinta anos, no mínimo.
Os dois, então, se beijam como se fosse a primeira (ou a última) vez. Passam o fim de semana em Maracaípe, mas não surfam juntos de novo, pois só saem do quarto na hora de voltar para Recife.
Depois de três meses retornam a Maracaípe com os amigos e as famílias para se casar de uma maneira bem ao estilo deles: pela manhã rolou um campeonato de Surf e no final da tarde o casamento propriamente dito, numa cerimônia Indu à beira mar, seguida de um luau, com muita bebida e muito Rock’n Roll, tocado divinamente pela Má Companhia.
Bruce alugou a cobertura na rua da Aurora, ele sentiu que Hannah não ficava à vontade ali. E se mudaram em definitivo para Porto de Galinhas.
Eles não sabem se vai dar certo, nem quanto tempo vai durar. Mas, afinal, quem sabe? A vida é tão efêmera que só vale à pena se for vivida sem medo, principalmente de tentar ser feliz. E o que importa é que Bruce e Hannah estão tentando.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
A BUSCA DE BRUCE – VI: Coming Back to Life.
Sete horas da manhã e Bruce já está no banho. Determinado, em poucos minutos chega ao prédio de Hannah. Novamente, o porteiro diz que ela não está. Bruce saca o celular e liga para Hannah, disposto a só parar quando ela atender, ou então quando descarregar toda a bateria. Após várias ligações e recados na caixa postal, ela atende:
- Bruce?...
- Oi Hannah. Como você ta?
- Seguindo. E você?
- Eu quero te ver Hannah. Preciso conversar com você.
- É? Sobre o quê, Bruce?
- Sobre a gente, Hannah. Eu...
- Bruce, não existe a gente. Nunca existiu, você sempre deixou isso bem claro. Só que agora eu não quero mais isso pra mim!
- Hannah, esse é o tipo de conversa que eu não gosto de ter por telefone. Onde você ta? Eu passo aí pra a gente conversar.
- ... Eu to em Porto, com minhas amigas. – diz Hannah, após uma pausa e um suspiro.
- Hannah, não tem bronca, to indo pra aí agora! A gente conversa e depois eu prometo que te deixo em paz, se você quiser. Mas, por favor, vamos conversar... Sabe, Hannah, a Mamãe tem perguntado bastante por você.
- Sua mãe é um amor, Bruce. Eu adoro ela... Mas eu não sei se é uma boa você vir pra cá, eu vim com as meninas.
Bruce sabe que as amigas de Hannah não o vêem com bons olhos. Acham que ele sempre a enrolou. De certa forma, elas estão certas. Por isso mesmo ele também sabe que precisa se esforçar mais.
- Hannah, não é só Mamãe que sente a sua falta. Eu também... Eu preciso muito te ver. Nós precisamos muito conversar.
- Bruce, faz isso não... eu preciso cuidar da minha vida. Eu não sei mais se...
- Ei, menina. Sou eu. To saindo daqui, da portaria do seu prédio, agora. Chego já aí! – ele desliga o telefone, antes que Hannah tenha tempo de pensar em falar alguma coisa.
Pega o carro e segue em direção a Porto de Galinhas, especificamente a Maracaípe. Inicia a viagem com “Sitting, Waiting, Wishing”, de Jack Johnson, seguido de REM, Man at Work, Couting Crows e outros sons que remetem ao Surf, lembrando que há um bom tempo não pega uma onda.
Essas músicas também fazem ele se lembrar do dia em que conheceu Hannah: foi durante uma etapa do WQS (Divisão de Acesso do Campeonato Mundial de Surf), em Maracaípe. Hannah fazia a cobertura para uma revista especializada e ele representava a empresa onde trabalha, patrocinadora da competição. Após alguns olhares, Bruce puxou uma conversa, ela o entrevistou e na mesma noite saíram. “Já se passaram mais de dez meses! Como fui cego durante tanto tempo? Tomara que eu não tenha estragado tudo.”
Assim que chega em Maraca, encontra as amigas de Hannah, que não escondem a insatisfação ao vê-lo, principalmente uma delas, Sheyla. Antes de dizer a Bruce que Hannah foi caminhar em direção ao Pontal, Sheyla pede a ele que só vá atrás de Hannah se realmente tiver certeza do que quer, e se isso vai ser bom para ela.
Bruce não fala nada. Apenas olha para Sheyla e anui com a cabeça. Ela olha firme para Bruce, muda o semblante e deixa escapar um breve sorriso. “Seria um ‘boa sorte’, ou um ‘você vai se foder cumpade’? Bem, deixa quieto. Ninguém tem o direito de julgar ninguém.” – pensa ele.
Antes de sair correndo atrás de Hannah, Bruce pára em frente ao mar e repete o seu ritual de agradecimento, permissão e proteção, que sempre faz antes de surfar: chega até a beira da praia e pisa firme algumas vezes, se ajoelha, pega um pouco de areia com a mão direita, passa para a esquerda, esfrega a areia nas mãos, depois as molha na primeira onda, passa um pouco de água na testa e na nuca, abre os braços, fecha os olhos e respira fundo.
Esse ritual dura pouco mais de um minuto, mas é tempo suficiente para Bruce entrar em harmonia com o mar e sentir se deve ou não cair na água. Bruce respeita muito esse feeling e acredita ser essa a razão de nunca ter passado por nenhuma situação de grande perigo. Hoje, ele repete o ritual não para pedir permissão e proteção, mas sim para agradecer a chance de se acertar com Hannah onde tudo começou, além da sensação de como se estivesse emergindo da escuridão que era a sua vida.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
A BUSCA DE BRUCE – V: Semana punk.
Já passam das 11h, quando Bruce e Sofia acordam. A dor de cabeça dos dois é grande, mas não supera a vergonha de Sofia. Bruce diz que não tem problema algum, mas ela se desculpa e pede para ele chamar um táxi.
Apesar do ocorrido, o saldo foi positivo. Sofia é uma mulher bonita, inteligente e rolou uma química legal entre eles. Mas o que fez a noite valer a pena mesmo foi Bruce ter despertado para a certeza de que Hannah é tudo o que ele tanto procurava.
Mais cedo Bruce foi acordado por um telefonema da sua mãe, lembrando o aniversário do seu sobrinho, filho do seu irmão mais velho. A sua mãe pediu para ele levar Hannah, de quem ela gostou muito (Hannah acompanhou Bruce em alguns eventos de família, tipo almoço de domingo). “Vou ligar agora pra Hannah. Almoçamos juntos, conversamos e depois vamos à festa de Enzo.” – essa idéia fez ele sorrir.
Bruce, então, liga para a casa de Hannah, dispara e entra a caixa postal. Procura o celular e liga para ela uma, duas, três vezes. E nada dela atender. Assim que chega à festa do sobrinho, a sua mãe pergunta por Hannah, o que deixa Bruce com um ar de tristeza.
- Meu filho, você não acha que já está na hora de assumir que você gosta de Hannah e tratá-la como sua namorada? Ela é diferente daquelas outras com quem você sai, já se conhecem muito bem, ela gosta de você de verdade e vocês formam um belo par.
- Eu sei, Mãe. A Senhora ta certa. Eu não queria admitir, mas também gosto demais de Hannah. Tenho sentido muito a sua falta.
- E o quê você ta esperando, Bruce?
- Encontrá-la, Mãe. Quando sair daqui passo na casa dela, eu não quero perder mais tempo.
- Mas tenha cuidado, meu filho. Se Hannah sumiu é porque está magoada e não quer falar com você, não do jeito que você sempre conduziu. Seja sincero. Não tenha medo de viver o que a vida traz de bom para você.
Bruce ouve atentamente as palavras da sua mãe e fica pensativo durante toda a festa. Por volta das 20h, Bruce se despede da família, dos amigos e segue direto para a casa de Hannah. Ao parar em frente ao prédio, nota que as luzes do apartamento estão apagadas. Mesmo assim, vai até a portaria e fica sabendo que ela viajou desde sexta à noite. O porteiro não soube dizer com quem nem para onde e essa dúvida tirou o sono de Bruce.
A semana de trabalho foi puxada, com algumas reuniões se estendendo pela noite, mas Bruce sempre dava um jeito de ligar para Hannah, que não atendeu a uma única ligação sequer. Toda noite, na volta do trabalho, Bruce passava no prédio de Hannah, mas nem sinal dela.
Na sexta à noite uns amigos do trabalho o convenceram a sair para tomar uma no Recife Antigo. Destino, Novo Pina, em companhia da boa e velha Jukebox roqueira. Bruce escolhe as duas primeiras músicas: “In Through the Outdoor”, do Led Zeppelin, e “Sympathy for the Devil”, dos Stones, mas pelo Guns’n Roses. “Slash destruiu Keith Richards nos solos dessa música!” – esse pensamento sempre vem à tona quando Bruce escuta esse som.
A partir daí, outros clássicos do Rock vieram acompanhados de muita cerveja e, com o passar das horas, o bar começou a encher e possibilidades interessantes começaram a surgir, como uma loura na mesa ao lado e uma morena na mesa em frente. Bruce conferiu rapidamente e percebeu que ambas davam alguns dos sinais que ele está acostumado a identificar.
Os seus amigos apostaram entre si com qual das duas ele ficaria e exigiram que ele entrasse em ação. Por impulso, Bruce se animou a entrar na onda, mas aí ele lembrou de Hannah, de tudo o que passou nas últimas semanas, da sua vida. Então, disse aos amigos que todos perderam a aposta, ele não ficaria com mulher alguma.
Apesar da insistência dos caras e da tentação da loura, da morena e de uma ruiva que pintou na saída, Bruce manteve-se firme em sua nova postura e, pela primeira vez em anos, foi para casa só e em paz consigo mesmo. “Logo cedo eu bato na porta de Hannah!” - dormiu repetindo essa frase.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Dilma "Verde"
Após quase se afogar na Onda Verde de Marina, Dilma deu uma entrevista ontem adotando um discurso típico de greenwashing (lavado de verde), onde disse que no segundo turno a sua campanha - e seu governo - será pautado no "Desenvolvimento Sustentável, mas com a promoção do crescimento do País e a geração de empregos."
Esse greenwashing de Dilma escancara a sua falta de conhecimento dos princípios e valores do Desenvolvimento Sustentável e seu consequente descompromisso com ele, que promove crescimento econômico em bases sólidas, geração de empregos, novas oportunidades de negócios, inclusão social, respeito e dignidade, além de outros benefícios que se estendem às futuras gerações, como a preservação do nosso patrimônio natural.
Se José Serra possui esse conhecimento e compromisso, eu confesso que não sei, ainda. Mas vou dar a ele o meu voto - e minha confiança.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
A BUSCA DE BRUCE – IV: O prazer e a ressaca moral.
Ual! – diz Sofia ao ver o mar escancarado da cobertura de Bruce.
Sofia corre para as janelas, quase tropeçando em uma das tábuas soltas do piso. A chuva dá uma trégua e a lua começa a aparecer entre as nuvens carregadas.
- Que vista maravilhosa! – diz ela observando que, além do mar, também é possível contemplar o rio Capibaribe, o Recife Antigo, Boa Viagem e Olinda.
- Eu ficaria horas aqui, apenas admirando.
Bruce aproveita para conferir suas pernas e traseiro, apreciando e aprovando ambos, enquanto apanha a garrafa do Merlot californiano que abrira antes de sair de casa – “se desperdiçar comida é inadmissível, desperdiçar vinho é um crime”, pensa ele.
Neste instante, Sofia se vira para ele, agradece a taça de vinho, olha em volta e pede licença para fazer um tour pelo ap. Bruce sorri e ela segue examinando os racks rolantes cheios de camisetas brancas, pretas e alguns ternos, as centenas de CDs, DVDs e livros dispostos pelo chão, a rede, o edredom jogado na cama, a sua prancha de Surf pendurada na parede e não muita coisa mais.
- Adorei esse lugar! Você se divorciou há pouco tempo ou coisa parecida? – pergunta ela.
- Não. Nunca me casei.
- Há quanto tempo você mora aqui?
- Uns cinco anos, mais ou menos.
- O que você faz?
- Sou Engenheiro Naval. Trabalho no estaleiro, em Suape.
- Poxa, isso dá uma grana!
- Não dá pra reclamar.
- Você tem namorada, ou alguém especial?
- Namorada, no sentido real da palavra, não.
- Ah, mas tem alguém especial?
- (...) Tenho. Mas, nada sério.
- Então você é do tipo que não quer nada sério. Deve ser por isso que sai sozinho num sábado à noite... – diz ela.
- Sozinho? Você está aqui, comigo.
- Onde é o banheiro? – pergunta Sofia, com um ar de riso pela resposta de Bruce.
- Final do corredor, à esquerda. Ou então no meu quarto.
Enquanto Sofia sai da sala, Bruce se dirige ao som. Após uma breve busca nos CDs, coloca o álbum “Reflections”, do Apocalyptica. Bruce tem o hábito de ouvir um bom Rock enquanto está na cama com uma mulher e procura um som que tenha a ver com a personalidade dela ou, como ocorre freqüentemente, com as suas primeiras impressões. No caso, acredita ele, Apocalyptica combina com Sofia.
Sofia volta do banheiro. Entra no quarto de Bruce, vestindo apenas a sua jaqueta e calcinha. Bruce pára um instante e aprecia o corpo de Sofia. Ambos se entregam a um beijo demorado e começam a fazer amor ali mesmo, no chão do quarto. Quando finalmente chegam à cama, por volta da sétima faixa do CD, os dois são vencidos pelo cansaço, e pelo álcool. Bruce ainda tem forças para uma chuveirada rápida antes de dormir.
Menos de uma hora depois, Bruce acorda com um som bem familiar, Sofia vomitando. Ele vai até o banheiro e a encontra sentada no chão, abraçada à privada. Bruce se agacha ao seu lado, segura a sua mão (bastante fria) e a conduz até o chuveiro, ela mal pode andar. Quando volta ao quarto com Sofia, percebe que ela vomitou no chão, ao lado da cama. O vômito em si não é problema para Bruce, ele já está acostumado a essa situação, que se repete freqüentemente. Então ele percebe, naquele exato momento, que essa freqüência é o grande problema.
“Putz! Eu to com trinta e cinco anos e continuo saindo com o mesmo tipo de garotas que saía quando tinha vinte.” – pensa ele. “To cansado de viver assim. Eu quero uma mulher de verdade, e não menina. Mas pra isso tenho que me comportar como homem, e não como um menino.” – fala para si mesmo.
Bruce, então, lembra de Hannah. Pensa em ligar para ela, mas desiste ao olhar o relógio. A última vez em que estiveram juntos foi há mais de duas semanas e o clima pesou entre eles, Hannah não gostou de vê-lo com Maya e disse que estava cansada daquilo tudo, embora Bruce sempre tenha deixado a situação bem clara.
“Será que a falta de Hannah desencadeou tudo isso?” – pensa ele.
Enquanto olha Sofia pegar no sono, é tomado por uma forte e inevitável ressaca moral. A sensação de vazio toma conta de Bruce de forma tão intensa que ele lembra de uma piada de palhaço, contada por um amigo numa mesa de bar há alguns anos:
“Um homem vai a uma Psicóloga e diz que, há algum tempo, a sua vida não tem mais sentido, tudo perdeu a cor, a graça. E pede à Psicóloga que o ajude de qualquer maneira. Ele está desesperado.
A Psicóloga começa dizendo que todo mundo tem problemas e que a vida não é assim tão ruim. E finaliza pedindo ao homem para fazer coisas simples e diferentes, como aproveitar a chegada do ‘Grand Circus’, que tem como principal atração o ‘Fabuloso Felippo’, o melhor Palhaço do mundo!
O homem, então, olha firme para a Psicóloga e diz, aos prantos: - Doutora... eu sou o Fabuloso Felippo...”
Quando ouviu essa piada pela primeira vez, Bruce sorriu como menino. Hoje, ela já não tem a menor graça.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
MILAGRE MODERNO!
sábado, 25 de setembro de 2010
A BUSCA DE BRUCE – III: Tiro certeiro.
- Você já está indo embora? – pergunta ela.
- Bem, eu...
- Vamos beber alguma coisa. Dessa vez é por minha conta. – diz ela, puxando-o pela mão até o balcão do bar, onde ele se volta para ela:
- Heineken?
- José Cuervo.
- Antes você estava bebendo cerveja e agora tequila? – como se ele não soubesse.
- Ah – diz ela – eu comecei pela tequila naquele outro bar. Me acompanha?
Ele sorri positivamente.
Sentam-se em uma das mesas. Formando um laço saturado de álcool, discutem filmes, músicas e a quantidade de gente que está se mudando para Recife. Durante a conversa, ele descobre que ela se chama Sofia, tem 23 anos, era espancada pelo pai biológico, que também batia na mãe. O pai sumiu do mapa quando ela tinha 11 anos (para alívio de ambas) e, quando ela pensou que finalmente encontraria um pouco de paz, a mãe se envolve com outro canalha – sugestão de abuso – então, ela saiu de casa aos 14 anos e foi morar com uma tia-avó. Estudou, ralou e veio parar aqui.
A sua história de vida toca Bruce, mas a sua saia subindo pelas coxas, enquanto ela fala e gesticula, lhe chama mais a atenção. Ele também observa o seu jeito de falar e nota que, após cada respiração, ela passa a língua nos lábios. Ele também gosta da maneira como ela ajeita os cabelos. Na verdade, ela parece melhor do que Bruce se lembra do Burburinho. E ele não atribui isso ao álcool.
Duas e meia, começa a cair uma chuva fina. O movimento do bar fica ainda mais fraco e o DJ anuncia que vai rodar a última música: “Maracatu de Tiro Certeiro”, Chico Science & Nação Zumbi.
- A última? Já?! – Sofia parece desconsolada.
- Na minha casa tem mais bebida e uns CDs ótimos. – diz Bruce, tentando não dar bandeira de que ela é a sua última esperança da noite. – Fica a duas pontes daqui e o bar nunca fecha.
Ela parece estar considerando o convite, só precisa de um empurrãozinho.
- Minha casa fica às margens do Capibaribe e tem uma vista incrível – como se isso fizesse diferença.
- Talvez eu deva checar com meus amigos.
- Onde eles estão?
- Não sei... – ela ri e deixa escorrer uma gota de bebida pelo canto da boca, prontamente recuperada pela língua, o que atiça ainda mais Bruce.
- Eu tenho Heineken e José Cuervo no freezer. E também uma adega com excelentes vinhos...
A chuva fina e fria dá uma força. Bruce tira a jaqueta e a veste em Sofia. Abraçados, caminham até o Paço Alfândega, trocando os pés e com os quadris se entrechocando. Ele acena para um táxi, quando a chuva começa a ficar mais forte.
- Você não é um maníaco com uma faca ou coisa parecida, é? – diz Sofia antes de entrar no táxi.
- Não que você saiba.
Ela sorri e os dois se beijam.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
terça-feira, 21 de setembro de 2010
A BUSCA DE BRUCE – II: Entre o céu e o inferno.
Bruce sai do prédio, no centro da Cidade, às margens do Capibaribe. Um vento frio com cheiro de maresia sopra forte, derrubando as flores vermelhas do velho flamboyant.
Passos firmes em direção ao Recife Antigo, distante duas pontes de sua casa. Enquanto caminha, observa os casais na Praça da República. Um deles chama a sua atenção pela maneira como se olhavam e trocavam carícias – e também pela beleza da garota. Então ele pensa em como aquele cara conseguiu uma mulher assim?...
Opções para a noite não faltam. Jazz na Casa da Moeda, Tributo ao The Doors no Burburinho, Hard-Rock no Armazém e no Novo Pina sempre tem a incansável jukebox, que só toca clássicos do Rock, o lugar ideal para uma cerveja gelada e uma conversa etílica, caso a noite não seja produtiva.
Primeira parada, Casa da Moeda. Ele acha o local agradável, mas não gosta da aparência de ostentação das pessoas que freqüentam "o novo point da Cidade". Bruce vem aqui por causa de Bia, uma garçonete com quem flerta casualmente. Mas assim que chegou soube que ela estava de folga comemorando o seu noivado. Isso deixou-o um pouco chateado.
Sai da Rua da Moeda e vai até a Tomazina, no Burburinho. Entra e segue direto ao bar, onde Sílvia, a bartender, lhe traz um uísque antes que ele peça. Bruce toma o uísque em duas talagadas e dá uma conferida no mulherio em meio aos bêbados que batem ponto toda semana.
Em uma mesa, próximo ao bar, ele vislumbra uma possibilidade: pele pálida, cabelos ruivos (provavelmente pintados), batom vermelho escuro, piercing no nariz. Cinco pessoas estão em sua mesa, duas outras mulheres, dois caras, nenhum casal formado. Ao lado da cerveja dela (Heineken) há um copinho de tequila vazio – dois bons sinais. Ele consegue uma mesa estrategicamente posicionada em frente a ela e observa mais alguns sinais enquanto aguarda o momento certo para uma investida. Bruce geralmente procura algum sinal de encorajamento pois, segundo crê, essa é uma das qualidades sutis que o distinguem dos outros caçadores. Não vendo nenhum, parte para outra.
Enquanto isso, a gata ruiva termina sua cerveja. Quando ela dá uma olhada em volta à procura de uma garçonete, ela o vê olhando em sua direção. Os olhares se cruzam, o dela se desvia e depois se volta para o dele discretamente – outro bom sinal.
Ela se levanta. Ele finge observar a banda, que toca “LA Woman”, até que percebe quando ela se aproxima. Ele olha para cima, simula surpresa ao vê-la e sorri. Ela devolve o sorriso e segue adiante. Era o sinal que ele tanto esperava.
Ele aguarda uns três segundos e a segue até o bar. Ela está vestindo uma blusa de costas nuas e uma saia preta, uma escolha corajosa para a estação esquizofrênica entre o inverno e a primavera. Bruce passa às costas dela e olha para Sílvia, que responde com outro uísque com gelo.
- O que você está bebendo? – pergunta ele à gata ruiva.
Ela hesita, mas depois diz:
- Heineken.
- E uma Heineken – repete para Sílvia enquanto paga.
- Obrigada – diz a gata ruiva.
- Não por isso.
- Você é daqui? – diz ela.
- Nascido e criado.
- Eu acabo de me mudar para cá. Consegui um emprego no Porto Digital.
- Hum, parabéns! De onde você é?
- Natal, Rio Grande do Norte.
- Então, seja bem vida a Recife!
A cerveja dela chega e eles tocam a garrafa e o copo em um brinde.
- Meus amigos e eu estamos pensando em ir até o “bar do Roger”, o amigo do Chico Science. Você conhece?
Ele anui com a cabeça, mas resolve não comentar que Roger já repassou o bar há uns dez anos e que o Novo Pina é, ao mesmo tempo, o símbolo do MangueBeat e da decadência do Recife Antigo.
- Talvez nos vejamos mais tarde, então?
Ele sorri, concordando. Enquanto ela volta à sua mesa.
Bruce inicia uma conversa com Sílvia e nem percebe quando a gata ruiva deixa o local. Após o show, sente o juízo final das duas da madrugada se abatendo sobre ele, já que conhece bem toda a miséria da carne que o espera em casa: deitar sozinho na cama e pensar em todas as mulheres que já teve e deixou escapar por não querer nada sério.
Decide ir para casa. Ao passar em frente ao Novo Pina, avista a gata ruiva acenando para ele como que para um amigo que há tempos não via. Na jukebox rola “Stairway to Heaven”, do Led Zeppelin. “Será a minha salvação?” – pensa ele.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
A BUSCA DE BRUCE - I: A ficha caiu.
Sábado à noite, Bruce está em sua casa vasculhando seus CDs de Rock, Blues e Jazz. Entre os clássicos do Nirvana, Led Zeppelin, The Doors, Red Hot Chili Peppers, Deep Purple, The Rolling Stones, Black Sabbath, Iron Maiden, Metallica, ACDC, Ramones, Linkin Park, Radiohead, Pearl Jam, Cold Play, Pink Floyd, Glory Box, The Police, B.B King, Frank Sinatra, Steve Wonder, Simon & Garfunkel, Billie Holiday, Aretha Franklyn, Amy Winehouse, Norah Jones, entre outros, ele prefere começar a viagem com o “Misplace Childhood”, do Marillion. Som introspectivo, melancólico, boa escolha para quem está decidido a passar a noite em casa, pensando na vida.
Bruce está com trinta e cinco anos de idade, ou, como todos vêm dizendo desde quando fez aniversário na semana passada, está com quase quarenta. A idade em si nunca foi motivo de preocupação para ele. Mas ontem Bruce foi padrinho de casamento do seu melhor amigo e então caiu a ficha de que ele, apesar de quase todo fim de semana voltar para casa com uma mulher diferente, além das sempre providenciais “APS” (Amigas Pro Sexo), não passa de um caçador solitário. É justamente essa a causa de toda sua inquietação.
Seu plano é ficar em casa, curtindo um bom som e um bom vinho antes de dormir, coisas que ele preza muito, mas que há tempos não se dá ao prazer. Entretanto, antes do fim da segunda faixa (“Kayleigh”), Bruce se inquieta ainda mais. Com essa música a solidão e a nostalgia começam a pintar forte, justamente o que ele estava tentando evitar. Na parede do quarto está pendurada a sua prancha de surf, “como eu queria estar no mar”, pensa ele.
Abastece novamente a taça com um Merlot californiano e troca o Marillion pelo Red Hot Chili Peppers (“Around the World” sempre o deixa mais animado) e pensa em preparar alguma coisa para comer. Ele tem massa, molho pronto, creme de leite, queijo, camarão, azeite, alho, noz moscada e alcaparras, o kit de sobrevivência para qualquer solteiro, além do mais, cai bem com o vinho. “Antes de ‘Californication’ a comida ta pronta!”
Enquanto prepara o penne, decide abandonar o plano de ficar em casa. Neste exato instante a sua mente, como que por impulso automático, traz à tona a lista de APS: Maya (linda e louca, que conhecera há algumas semanas durante um festival de música), Isabel (com quem dividiu o altar no casamento do amigo – e a cama após a recepção), Maria Eduarda (vendedora da loja onde ele compra perfume e que sempre cobra um compromisso sério, sob pena de não mais sair com ele, mas sempre volta atrás), Simone (uma ex-namorada que sempre liga a fim de um flash back) e Hannah (repórter fotográfica, surfista, linda – sua APS preferida).
Apesar das possibilidades viáveis, Bruce opta por sair só. Ele está cansado dessa vida de lobo desgarrado e decide que chegou a hora de encontrar alguém para sossegar e tocar uma vida normal. Cada uma das suas APS tem o seu encanto, como qualquer mulher, mas falta algo. Algo que Bruce não sabe bem o que é, embora saiba que isso vai despertar nele o desejo de dormir com ela toda noite e acordar no meio da madrugada só para admirar a sua beleza enquanto ela dorme...
Dez e quarenta, no som rola “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana. Bruce veste seu jeans surrado, uma camiseta preta e sua jaqueta de couro marrom com três listras amarelas nas mangas (igual à de “Wolverine”, nos filmes dos “X-Men”), presente de Hannah. Ele sorri ao lembrar dela e percebe que os dois têm muito em comum e que Hannah já o conhece relativamente bem. Ainda assim, prefere sair só.
No chão, perto dos seus tênis, encontra a edição do mês da “Trip” e da “Caros Amigos”, ambas ainda embaladas. Retira os plásticos, dá uma folheada rápida (especialmente na “Trip Girl”) e coloca as revistas na mesa de cabeceira, com a “Trip” embaixo da “Caros Amigos”. Nesta noite, tudo o que ele mais deseja é encontrar uma mulher que fique impressionada com esta última, mas sabe que o mais provável é encontrar alguém que conheça bem a primeira. Pode ser que ele volte para casa sozinho. Mas, quem precisa de planos para isso?
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
sábado, 14 de agosto de 2010
Mudanças Climáticas Alteram o Ciclo do Carbono
Acredito que hoje em dia todo mundo já ouviu falar em ciclo do carbono, em toneladas de carbono equivalente, em sequestro de caborno e coisas do gênero. Mas poucos sabem como funciona o ciclo do carbono.
O equilíbrio dinâmico que o clima da Terra alcançou, após centenas de milhões de anos, estava ligado a um ciclo do carbono relativamente regulado. Era como se existisse um "mágico-malabarista", que o fazia passar do estado sólido ao gasoso, da biosfera e dos oceanos à atmosfera. Esse processo, porém, foi desestabilizado pela Revolução Industrial, que precisou da combustão de matérias fósseis carbonáceas, como o petróleo, o carvão e o gás dito natural, para prosperar.
Assim, despejaram-se bilhões de toneladas de carbono (CO2), presas sob os solos e os aceanos, na atmosfera, modificando drasticamente as quantidades envolvidas no ciclo. Bilhões de anos foram necessários para a sua fossilização, porém, não mais do que algumas décadas para essa mudança radical.
Felizmente, o nosso "mágico-malabarista" tem alguns truques para compensar um pouco o desequilíbrio: a biosfera - composta por vegetação, solos e oceanos, imensos reservatórios de CO2. Esses meios absorvem o CO2 da atmosfera para integrá-lo ao solo, ou precipitá-lo em carbonatos. Fazendo isso, já assimilam quase metade das emissões antrópicas. Por isso esse processo é chamado de "sequestro de carbono".
Mas - infelizmente sempre tem um "mas" - existe um problema ligado a essa jogada: a quantidade retida nos oceanos está diminuindo por causa do aquecimento global. Estima-se que o aumento das temperaturas dos oceanos reduza a capacidade de sedimentação, diminuindo, quando não suprimindo totalmente, as correntes oceânicas responsáveis pelo depósito de sedimentos, como na Groelândia e no Pacífico.
E, pra complicar ainda mais esse quadro, o desmatamento das florestas tropicais, a superexploração da agricultura e pecuária e o avanço do concreto no processo de urbanização, reduzem ainda mais o papel compensatório da biosfera. E não podemos deixar de citar a contribuição da desertificação, crescente por causa do aquecimento global, particularmente na África e no Nordeste do Brasil.
A foto acima foi feita na COP15, em Copenhague, e mostra a representação de 1 tonelada de CO2.
A biosfera possibilita uma margem de manobra no controle das nossas emissões de CO2, mas de forma limitada. Estima-se que ela possa reciclar naturalmente entre 3 a 4 gigatoneladas (bilhões de toneladas) de CO2 por ano. Essa quantidade é suscetível de mudanças decorrentes da alteração do ciclo e da exploração humana na biosfera. Logo, não podemos apenas contar com sequestro natural de CO2 para resolver o problema climático. Ou seja, a única solução concreta é reduzir as emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa (GEE) na fonte, processo este conhecido como mitigação das emissões, respeitando a margem de 3,5 gigatoneladas que a biosfera nos possibilita.
Essa mudança de postura deve ser geral, onde cada um de nós deve assumir o seu papel e não esperar que as empresas descasquem sozinhas esse abacaxi. O ser humano é parte integrante do ciclo de carbono de forma ativa e passiva, embora, ao que parece, muitos ainda não tenham tomado consciência disso. Claro, enquanto sociedade, evoluímos muito em relação a questões relacionadas ao meio ambiente e à sustentabilidade, mas ainda muito pouca gente evoluiu nesse sentido. Por isso é muito importante a troca de informações, a discussão sobre o tema e, principalmente, a adoção de práticas de consumo consciente, que será tema de um dos próximos posts.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Sexta-feira 13 de agosto...
Sexta-feira, 13 de agosto. Muita gente teme esse dia, tido como o dia do azar! Pra mim, é mais um dia em que temos a chance de fazer o melhor.
Não acredito em azar ou sorte, nem tenho medo da morte. Tudo o que acontece conosco é fruto das nossas ações e escolhas. Fé em Deus e em si próprio nos faz viver sem medo, principalmente de errar. E isso é muito bom!
sábado, 31 de julho de 2010
As Sacolinhas e a Sustentabilidade
Nessa semana fui a evento sobre Comunicação e Sustentabilidade. A maior parte do público era de Jornalistas e profissionais de outras áreas da Comunicação.
O evento foi bastante interessante, mas deixou claro o quanto as pessoas ainda estão carentes de informações relacionadas à sustentabilidade, que pede uma mudança de pensamento e de comportamento. Algumas pessoas que participaram do evento já possuem uma certa bagagem de informações, porém, ou preservam a mesma maneira de agir ou encaram sob uma ótica romântica e que não apresenta resultados efetivos.
Em determinado momento do seminário, uma Jornalista da nossa cidade, que trabalha num veículo ligado a uma grande rede varejista, defendeu a iniciativa dessa rede de supermercados em incentivar a diminuição do uso de sacolas plásticas o que, segundo ela, colocava essa rede como um exemplo de empresa sustentável.
Então, pedi a palavra e disse que a iniciativa é válida, mas que o seu resultado prático é mínimo, pois essa campanha ainda está muito longe dos princípios da sustentabilidade. Ela fez uma cara de quem não entendeu - e de quem não gostou também - e eu continuei, dizendo que o impacto positivo desse tipo de campanha é insignificante frente aos padrões de consumo dos clientes, que continuam enchendo os carrinhos, e agora as sacolas de algodão ou lona, com um monte de trequinhos de R$ 1,99 porque são bonitinhos e baratinhos, mas não são necessários e terminam esquecidos nos armários de cozinha, onde depois de um tempo o destino final é o lixo, as ruas ou os nossos rios.
Segui explicando que uma empresa varejista só pode afirmar que é um exemplo de empresa sustentável no dia em que, além de muitas outras ações, desenvolver uma campanha voltada para o consumo consciente, já que a raiz de grande parte dos problemas ambientais é a produção de resíduos, fruto do consumismo desenfreado. Aí, a nossa amiga Jornalista sorriu e disse que isso era utópico, pois uma empresa varejista sobrevive das vendas. Então, eu sorri de volta e disse que na Europa, especificamente na França, o Carrefour desenvolve esse tipo de campanha há mais de cinco anos e, desde então, as suas vendas e sua pariticipação no mercado vem crescendo a cada ano, reflexo do ganho institucional aliado à sua marca que a aproximou ainda mais dos seus stakeholders, os seus públicos de interesse, formados por fornecedores, clientes, acionistas, sociedade, poder público, ongs entre outros.
Finalizei citando uma frase de dois escritores norte americanos (Andrew Savitz e Karl Weber): "empresa sustentável é aquela que gera lucro para os acionistas, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente e melhora a qualidade de vida das pessoas com quem mantém interações."
E assim, acabou o nosso pequeno debate, que foi muito esclarecedor pra todo mundo, inclusive pra mim.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
PESCA EM ALTO-MAR – II: A Tomada de Consciência e as Primeiras Ações de Controle
Como vimos no post anterior, nada escapa à passagem das traineiras, nem as fontes hidrotermais e os corais de águas frias, que compõem hábitats essenciais para a reprodução de espécies. Alguns deles levaram até 2 mil anos ou mais para se desenvolver. Porém, ao contrário dos peixes, essa riqueza toda não tem valor comercial e é simplesmente jogada de volta ao mar, após ser destruída durante as explorações de águas profundas.
Mas nem tudo está perdido. Aqueles que trabalham para salvar os ecossistemas marinhos de águas profundas obtiveram uma vitória importante: os países do Pacífico Sul deram razão à Coalizão pela Conservação do Mar Profundo (DSCC) ao adotar, em maio de 2007, uma moratória contra a pesca que ameaçava a região. Assim, a zona protegida passou a representar 25% do alto-mar mundial.
A DSCC também apelou à Assembléia Geral das Nações Unidas, solicitando a recomendação de uma moratória mundial em alto-mar. Mas, embora reconheça a legitimidade do problema, a ONU continua se escondendo atrás dos organismos regionais de gestão de pesca. A DSCC espera que a decisão adotada pelo Pacífico Sul tenha um efeito de bola de neve e acelere o movimento global.
Por ocasião da Conferência sobre Governo e Biodiversidade, ocorrida em Paris, em janeiro de 2005, Edward Osborne Wilson, cujo trabalho inspirou a criação da Agência para a Proteção do Meio Ambiente dos Estados Unidos, lembrou que “uma sociedade é definida não só pelo que cria, mas também pelo que escolhe não destruir”.
Depois de ter sido responsável pelo desaparecimento de parte considerável das riquezas costeiras, a humanidade pode escolher agora não destruir as riquezas ecológicas das profundezas.
PESCA EM ALTO-MAR – I: Ameaça à Biodiversidade Marinha
Quantas toneladas de peixes podemos extrair por ano dos mares? É possível aproveitar os nossos principais bancos de pesca de maneira sustentável?
O que há pouco tempo era inacessível, hoje está ao alcance das redes. Após esgotar os recursos das zonas costeiras, a indústria da pesca se voltou para o derradeiro eldorado que são os montes submarinos em alto-mar, abundantes em espécies raras e bem cotadas no mercado mundial.
Com motores mais potentes, redes maiores, sistemas de localização precisos e instrumentos eletrônicos sofisticados de navegação e detecção dos cardumes, as traineiras (navios pesqueiros) tornaram-se verdadeiras indústrias flutuantes e uma ameaça à biodiversidade marinha, pois conseguem vasculhar até 2 mil metros de profundidade – a foto abaixo é da cabine de comando da traineira norueguesa Harstad.
Com isso, as frotas financiadas pelos países ricos para procurar determinados peixes e crustáceos estão destruindo os últimos grandes reservatórios de biodiversidade marinha, um após o outro. Essa prática de exploração se parece mais com a utilizada por mineiros, que mudam de local à medida em que o minério se esgota, do que com uma gestão sustentável dos recursos vivos e frágeis. E, pra completar o quadro, as indústrias farmacêutica e de biotecnologia também estão interessadas nesses recursos.
Estima-se que 10 milhões de espécies vivam nas profundezas. Uma biodiversidade comparável à das grandes florestas tropicais. Seu nicho é justamente as zonas abissais, verdadeiras cadeias de montanhas submersas, com milhares e milhares de metros de altura, que se caracterizam pelo acentuado endemismo dos seres vivos e seu frágil equilíbrio biológico.
Todas as espécies de grande profundidade têm um ritmo de crescimento extremamente lento, a exemplo do olho-de-vidro laranja, ou peixe-relógio (Hoplostethus atlanticus). Conhecido pelo seu alto valor de mercado e presença garantida no cardápio dos melhores restaurantes das grandes capitais mundiais, esse peixe é uma das espécies de crescimento mais lento e com maior longevidade que conhecemos. Cada indivíduo demora cerca de 20 anos para chegar à idade adulta e pode viver até 150 anos. Durante a desova, esses peixes se concentram no topo das montanhas submarinas, tornando-se um alvo fácil para as traineiras. Esses fatores tornam esta espécie muito vulnerável à pressão da pesca (índice de vulnerabilidade de 73/100), o que tem levado ao progressivo esgotamento de muitas das suas populações - como mostra a primeira foto deste post.
Mas o olho-de-vidro laranja não é a única vítima da pesca predatória e destrutiva do seu hábitat. Os espinhéis (linhas de pesca com milhares de metros de comprimento e com uma infinidade de anzóis) matam várias aves marinhas e muitos peixes sem valor comercial, a pesca com dinamite e cianureto destrói os recifes de corais (hábitats de inúmeras espécies) e o arrasto das redes sobre as montanhas submarinas também mata corais ancestrais de crescimento lento, esponjas, estrelas-do-mar e outras espécies altamente vulneráveis, como tubarões, golfinhos, tartarugas, focas, leões marinhos, entre outras, que entram para as estatísticas da “pesca acidental” – foto abaixo.
Entre os anos 50 e 80, o volume global da pesca saltou de 17 milhões para 78 milhões de toneladas – índice que na última década começou a declinar e dar sinais de estresse em várias regiões, devido à diminuição drástica das populações de várias espécies. Além disso, espécies indesejadas (de baixo valor comercial) continuam sendo capturadas nas mesmas redes que pescam as que realmente interessam. Assim, estima-se que até 40 milhões de toneladas de peixes, quase todos mortos, são devolvidas anualmente aos oceanos.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Desaparecimento da biodiversidade: ameaça à espécie humana
A biodiversidade está recuando a tal ponto que alguns especialistas afirmam a probabilidade de sua sexta extinção em massa, depois das cinco ocorridas em eras geológicas anteriores. Este processo começou, provavelmente, desde o início do Antropoceno, a época em que o homem surgiu e dominou a Terra.
Em condições normais e estáveis de biodiversidade, uma espécie dura de 1 milhão a 10 milhões de anos, de acordo com estimativas dos paleontólogos. Mas, com a supremacia do Homo Sapiens, essa possibilidade foi fortemente perturbada e parece pouco provável que os seres vivos possam se perpetuar por tanto tempo assim.
Ao confundir a utilização da natureza com sua predação, o homem destrói os seres vivos cada vez mais rapidamente. As taxas anuais de extinção são de cem a mil vezes superiores em relação às existentes nas eras geológicas anteriores. As ameaças tradicionais de origem antrópica, que causam a destruição dos hábitats e a superexploração, são reforçadas pelas invasões biológicas, poluição, superpopulação humana e mudanças climáticas bruscas, de modo geral seguidas da alteração dos ciclos biogeoquímicos.
A fauna, a flora e os microorganismos resistem cada vez menos às pressões: 83% da superfície terrestre são afetados pela “pegada humana”, ou seja, pelo espaço de terra necessário para as atividades do homem. A quantificação da diversidade dos seres vivos é constantemente reavaliada, atualmente, ela está em torno de 3,6 milhões de espécies. Mas as perspectivas são sombrias. Foi estimado que mais de um quarto desse número, ou seja, 1 milhão delas, pode desaparecer até 2050.
Essa questão é particularmente crucial para os 34 hotspots, sítios biogeográficos que abrigam, em apenas 2,3% da superfície do planeta, 50% das plantas vasculares e 42% dos vertebrados terrestres. Para ser considerado um hotspot (ponto quente) da biodiversidade, a região deve atender a dois critérios: abrigar pelo menos 1.500 espécies de plantas vasculares endêmicas (que só ocorram naquele local) e ter perdido pelo menos 70% de seu hábitat original, o que a determina como particularmente vulnerável. O Brasil abriga dois hotspots: o cerrado, que tem sido transformado em pastagem e vem sofrendo os efeitos da desertificação, e a mata atlântica, o mais degradado.
Além disso, a área de distribuição histórica de 173espécies emblemáticas de mamíferos, por seis continentes, diminuiu 50%. Um terço das florestas do mundo foi derrubada após as primeiras civilizações agrícolas. E a carne de caça ainda condena à morte anualmente dezenas de milhões de animais, particularmente na Amazônia e na bacia do Congo. Desaparecimento de indivíduos, de populações e, finalmente, da espécie: o processo está bem estabelecido... Ele é acompanhado por uma desorganização da cadeia alimentar (produtores, consumidores e decompositores), em que os ecossistemas são atingidos como um todo porque sua produtividade e estabilidade, até mesmo evolutiva, dependem da diversidade dos tipos funcionais das espécies que abrigam.
Mesmo de um ponto de vista utilitário, passa quase despercebida a infinidade de bens e serviços fornecidos pelos ecossistemas. Essas contribuições “gratuitas” puderam ser estimadas anualmente entre 2,9 trilhões e 38 trilhões de dólares. Para efeito de comparação, o PIB mundial representa 18 trilhões de dólares. Mas os homens são prisioneiros de sua avidez pelo consumo, o desejo de possuir mais do que o necessário. Irracionais e egoístas, não compreendem que a exploração não é análoga a uma colheita, que permite a renovação do recurso, mas ao extrativismo e à extração, até o esgotamento do filão. Para cada dez árvores cortadas no mundo, atualmente, só uma é (re)plantada.
Os seres vivos estão sendo esgotados, sem que o homem se preocupe com o que deixará para as gerações futuras. Em uma natureza morta, quais serão o lugar e a imagem do ser humano?
quarta-feira, 7 de julho de 2010
sábado, 3 de julho de 2010
EXCLUSIVO!
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Peso
Estranho, sentir falta do que ainda não vivi (pelo menos nessa vida), ao ponto de carregar um vazio dentro do peito. Mas, como essa vida é a que tá valendo, sigo carregando o meu vazio, que pesa pra caramba... Bem que podia ser menos complicado. Mas aí, acho que seria qualquer outra coisa, menos vida.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Empresa vai estudar DNA de Ozzy Osbourne para entender como ele ainda está vivo
É muita bizarrice! Cientistas querem saber como corpo do roqueiro Ozzy Osbourne aguenta mais drogas do que o de uma pessoa comum.
Cientistas de uma empresa de genética anunciaram, nesta terça-feira (15), que vão mapear o código genético do roqueiro Ozzy Osbourne para tentar descobrir como ele ainda está vivo depois de décadas de abuso de drogas e álcool.
O ex-vocalista da banda Black Sabbath é apenas uma das poucas pessoas no mundo cujos genomas serão analisados. Os cientistas esperam que o teste de R$ 71,29 mil, que dura três meses, ofereça informações sobre como as drogas são absorvidas pelo corpo humano.
Ozzy, 61 anos, viveu uma vida que, teoricamente, mataria uma pessoa comum. Até o cantor não consegue entender como sobreviveu por muito tempo, tanto que, recentemente, disse que é “um milagre da medicina” depois de 40 anos entornando todas.
O cantor admitiu beber quatro garrafas de conhaque por dia em uma certa época, “até desmaiar, acordar e voltar a beber”.
Ozzy mordeu a cabeça de um rato durante um show do Black Sabbath e, em 2003, quebrou o pescoço em um acidente com uma moto de quatro rodas. Ele também possui uma doença genética parecida ao mal de Parkinson e, em pelo menos uma vez, já foi internado em uma clínica de reabilitação.
Apesar de todos os excessos, o cantor ainda é casado com Sharon, a quem já tentou estrangular, com quem tem três filhos crescidos. Agora, Ozzy talvez obtenha algumas respostas da empresa americana Kenome, que vai usar uma amostra de seu sangue para mapear seu genoma.
Segundo Nathan Pearson, diretor de pesquisa da empresa, "o sequenciamento e a análise de pessoas com históricos médicos extremos fornecem o maior valor científico possível”.
Os resultados deverão ajudar os cientistas a entender por que os corpos de roqueiros que tiveram uma vida tumultuada, como Ozzy, Keith Richards, Ronnie Wood e Iggy Pop conseguem usar mais drogas do que uma pessoa comum.
(Fonte: Portal R7, em 19/06/2010)
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Literatura Pernambucana - IV (DEBORAH BRENNAND)
DE AMARELO
Hoje devo me vestir de amarelo:
espantar os olhos negros da solidão,
tal a luz do girassol de ouro dourado
que abre pétalas iluminando nuvens.
Quem saberá (nem ela mesma) o artifício
usado para enganá-la? Sonhos? Jardins?
Não digo. Hoje me visto de amarelo
e vou, nos ramos, entoar da ave o canto.
Quero espantar olhos de solidão
que vem das grutas e abandona montes
para comer a relva rubra do meu coração.
Mas hoje, de amarelo, espantarei a fera
Fugindo, à procura de outra vítima:
Quem sabe, a mata?
terça-feira, 1 de junho de 2010
Tubarões: é possível evitar um ataque.
Nesse fim de semana encontrei alguns amigos que não via há algum tempo, entre eles um brother de longas datas. Além de parceiro de surf, tocamos juntos no Porto Rico e pagamos algumas cadeiras do curso de Engenharia de Pesca, o qual só ele terminou, a vida me levou pra outros mares. Mas isso não afetou a minha paixão pelo mar e muito menos o meu interesse e fascínio por tubarões que, logicamente, foi o tema central de uma boa conversa.
Ele contou que durante um mergulho em Noronha topou com um tubarão Mako, que é potencialmente perigoso ao ser humano. Então, eu comentei que ainda não tive essa sorte, ainda não... Foi quando todo mundo disse que nós éramos loucos. Aí começamos a explicar que existem uma série técnicas que podem prevenir eventuais ataques, lembrando que nenhum método é 100% efetivo, pois se tratam de animais selvagens em seu hábitat e, como tais, têm comportamento imprevisível. Vou repassar essas dicas a vocês, que servem pra quem surfa, mergulha e nada.
Antes de qualquer coisa, deve-se ter em mente que grande parte dos tubarões, na maioria das vezes, tem medo do homem. No entanto, podem estar presentes, mesmo que não sejam vistos, e são atraídos principalmente por sangue, comida (peixe morto), objetos metálicos brilhantes e/ou contrastantes, vibrações de baixa freqüência e explosões. Um peixe debatendo-se na ponta de um arpão é um convite irrecusável para um tubarão, que possui a capacidade de detectar pequenos campos eletromagnéticos. Além disso, nunca é demais lembrar que em hipótese alguma se deve provocar um tubarão.
Considerando o fato do nosso litoral ser habitado por espécies agressivas, como o tubarão Cabeça-Chata e o Tigre, que colocaram Pernambuco no topo do ranking mundial de fatalidades provenientes de ataques, essas dicas são muito importantes porque podem diminuir as chances de ocorrer encontros ou interações indesejadas com esses incríveis animais. Então, vamos a elas:
• Antes de entrar no mar, seja para nadar, surfar ou mergulhar, procure se informar sobre a tábua das marés, observar o sentido das correntes marinhas, obter informações sobre a geografia marinha (localização de canais, pedras e buracos) e, principalmente, se existem registros de ataques na área e proximidades. Muitos ataques e outras ocorrências, como afogamentos, poderiam ser evitados se as vítimas tivessem esse devido cuidado;
• Não entre ou permaneça na água com ferimentos sangrando. As mulheres, então, devem evitar entrar no mar durante o período menstrual;
• Nadar, surfar ou mergulhar, sempre que possível, em grupo. Sozinho, você poderá tornar-se o alvo principal e único, e encorajar um ataque. Além do mais, muitas vítimas morrem por falta de socorro imediato;
• Evite nadar, surfar ou mergulhar nos períodos do amanhecer, do crepúsculo e à noite, quando os tubarões estão mais ativos e dispostos a se alimentar;
• Evite nadar ou mergulhar em águas turvas ou escuras. Nesses ambientes a vantagem sensorial é toda do tubarão. O mesmo vale em locais com mais de dois metros de profundidade, em estuários (áreas de manguezais), canais, bocas de baías e áreas portuárias (navios atraem espécies “nômades”, como o tubarão Tigre);
• Evite nadar ou mergulhar nos períodos de lua cheia e nova, que possuem as marés mais altas e permitem aos grandes tubarões chegar mais perto da praia, principalmente entre os meses de março a setembro, período onde ocorreram a maioria dos ataques na Região Metropolitana do Recife;
• Evite nadar ou mergulhar com jóias brilhantes, que podem simular o brilho das escamas dos peixes, e com roupas muito coloridas ou com grandes contrastes;
• Evite nadar ou mergulhar nas áreas utilizadas pela pesca comercial ou artesanal, especialmente se houver sinais de iscas na água ou atividade de alimentação. As aves marinhas são um bom indicador disso;
• Evite nadar ou mergulhar muito perto de cardumes nas áreas rasas, pois os mesmos costumam ser caçados por grandes predadores, como o tubarão Cabeça-Chata;
• O lixo também é um atrativo para os tubarões. Logo, evite nadar em estuários, baías e pontos de descarga e vazadouros de esgoto, o que é bastante comum em nosso litoral, infelizmente;
• Ao contrário do que se pensa, a presença de golfinhos e botos (o que tem ocorrido em algumas de nossas praias, como em Boa Viagem) não significa ausência de tubarões. Ambos, freqüentemente, capturam as mesmas presas;
• A praia não é lugar de animais domésticos. Por isso, mantenha os cachorros e outros animais fora da água. Além de uma questão de saúde e higiene, seus movimentos erráticos de natação são uma grande fonte de atração de tubarões, sobretudo em áreas de registro de ataques;
• Nunca agarre, monte ou se pendure em um tubarão. Seu couro áspero, coberto por dentículos dérmicos muito afiados, pode provocar graves feridas na pele humana e, como já foi dito, sangue atiça o tubarão;
• Se durante um mergulho ou natação você observar um cardume se comportando de forma estranha ou se agrupando e se compactando em grande número, é aconselhável deixar a área imediatamente, pois eles já podem ter detectado a presença de um predador de grande porte, como o tubarão;
• Se um tubarão for avistado, procure manter a calma e deslocar-se com movimentos lentos e coordenados. Caso o tubarão demonstre estar muito curioso, o que é bem provável de acontecer, tente sair da água, ainda de forma coordenada, sem dar-lhe as costas e nem perdê-lo de vista. Não entre em pânico. Para a maioria das pessoas é muito difícil manter a calma numa hora dessas, mas isso pode salvar ou custar a sua vida. Ao agir assim, possivelmente o tubarão irá apenas reconhecer a área, dando algumas voltas, e depois irá embora. Uma das modalidades de ataque mais comum entre os tubarões é o ataque furtivo (de surpresa), onde ele sabe que dificilmente a vítima esboçará alguma reação. Os tubarões preferem economizar energia a entrar numa luta;
• Se você estiver praticando mergulho autônomo (com cilindro), permaneça submerso até chegar ao barco. Você é mais vulnerável na superfície da água, porém, apenas nadar para o fundo nem sempre dá resultado. Então, caso não seja possível sair da água, procure ficar na posição vertical (as presas habituais do tubarão nadam na horizontal) e mova-se para um terreno defensivo, como um recife de coral ou uma grande pedra, e encare o tubarão. Apesar de todo o seu poder, o tubarão dispensa entrar numa luta para não perder energia e nem correr o risco de se machucar;
• Havendo investida do tubarão, tente atingi-lo com algum objeto no focinho, nos olhos ou fendas branquiais. Entretanto, é muito difícil saber quando o tubarão realmente atacará, pois poucas espécies apresentam mudanças visíveis em seu comportamento antes da ofensiva. No caso de um ataque, lute com todo o esforço possível. Ao contrário do que se pensa, não somos uma presa fácil para o tubarão;
• Para os pescadores submarinos, o tiro só deve ser dado como último recurso. Por mais inofensivo que pareça, um cação (tubarão de pequeno porte) ferido ou arpoado torna-se extremamente perigoso. Ao arpoar um peixe, não o leve junto ao seu corpo, já que peixe sangrando e agonizando é um excelente convite a qualquer tubarão. Utilize uma corda, uma bóia ou um barco para guardá-lo.
É isso meus caros. Pra quem não tem grana pra comprar um traje antitubarão (roupa de mergulho feita de uma trama de aço) ou um Shark Shield (repelente elétrico de tubarão), essas dicas podem ser muito úteis. Eu sei que muitos vão concordar com as pessoas que participaram da conversa e achar que eu e meu amigo somos loucos. Pode até ser, só um pouquinho... Mas, apesar de tudo, eu não me arrisco à toa, como nadar, mergulhar ou surfar na área crítica, que eu considero da Praia do Paiva até Ponta de Pedras. Admiro e respeito muito o mar e procuro estar sempre atento aos seus sinais, entrar em harmonia com ele. Se você não tem essa relação com o mar e ainda tem medo, o melhor é não entrar na água. É como diz aquele ditado: “se não agüenta a brincadeira, então não desça pra o playground.”
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Maratona da Masturbação
Pois é meus caros, a galera inventa cada uma!
Mas, se você não tem programa pra esse fim de semana, ainda dá tempo de se inscrever na 12ª edição do "Masturbate-a-Thon", concorridíssima maratona de masturbação que acontece todos os anos em São Francisco, Estados Unidos. Detalhe importante, os concorrentes não precisam se deslocar até lá, podem participar pela internet.
O evento, que acontece no próximo sábado, dia 29, faz parte das comemorações do mês da masturbação. No ano passado, o vencedor foi um japonês, que aguentou, com mão firme, por 09 horas e 58 minutos. Dizem que o herói japonês deve ter saído de um mangá, pois nem com calo nas mãos ele ficou!
Alguém aí disposto a encarar o "Pikatchu"?
segunda-feira, 24 de maio de 2010
quinta-feira, 20 de maio de 2010
quarta-feira, 19 de maio de 2010
CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - III: do Consumismo ao Consumo Consciente
Em 1997, os “serviços prestados” ao mundo pelos ecossistemas foram avaliados em, no mínimo, 55 trilhões de Reais por ano. O cálculo, feito pelo Economista Robert Costanza e sua equipe, demonstra que o valor do capital natural é superior ao PIB mundial, da ordem de 29 trilhões de Reais por ano.
Divididos por 6 bilhões de habitantes, esses 55 trilhões significam cerca de 9 mil Reais por pessoa. Até que não sairia caro se levarmos em consideração as atividades vitais exercidas pelos ecossistemas, tais como a regulação das composições atmosférica, climática e aqüífera, a formação dos solos, o tratamento de resíduos, a polinização, a manutenção do hábitat das espécies, a produção de alimentos, de matérias-primas, de recursos energéticos, de entretenimento e de contemplação. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) calculou o aporte econômico anual dos mangues e dos recifes de coral em um montante estimado entre 324 mil e 1,5 milhão de Reais/km², dependendo da região. Isso significa que as degradações do meio ambiente, originadas particularmente pelo aquecimento global e que tem sua causa primária no consumismo desenfreado, poderão provocar uma recessão econômica sem precedentes.
Nunca se consumiu tanto como nos últimos trinta anos. Chegamos ao ponto em que consumimos 20% a mais da capacidade de regeneração do planeta. Uma das causas dessa mudança pode ter sido a rapidez com que centenas de milhões de pessoas passaram a fazer parte da classe média. O nosso Brasil e a Índia são exemplos claros dessa realidade, onde essa imensa quantidade de novos consumidores agora tem muitos desejos e “necessidades” antes comuns das nações mais ricas do planeta, o que tem gerado uma demanda quase insaciável dos recursos naturais.
O comércio global elevou a um novo patamar o apetite de todo o mundo, uma vez que mais pessoas passaram a consumir mais de tudo. Hoje, o mundo em que vivemos está interligado por novos vínculos de comunicação, de trocas e consumo. Claro, não podemos negar que esse intercâmbio internacional melhorou as condições de vida de muita gente, mas também impôs um alto preço ao planeta e a muitos de seus habitantes, onde mais de 1 bilhão de pessoas continuam vivendo numa miséria abjeta. Além disso, o atual padrão de consumo dominante no mundo começa a lançar uma dúvida quanto à sustentabilidade do próprio sistema econômico global: várias das matérias-primas que sustentaram o crescimento estão se exaurindo, aliado à crescente ameaça de devastadoras mudanças climáticas.
Então, por que insistimos em manter esse estilo de vida pautado no consumismo exagerado? A resposta a essa pergunta passa por uma série de questões, como as aqui abordadas, e que são fundamentais para a população despertar para o consumo consciente. Instituições como o Instituto Akatu, a Adbusters, a Novo Olhar Consultoria em Sustentabilidade e tantas outras, que têm um compromisso verdadeiro com a saúde do planeta e a busca por melhores condições de vida da população, possuem um papel fundamental nesta missão de incentivar a mudança de postura das pessoas, onde a (re)educação fará toda a diferença.
As próximas décadas trarão muitos desafios para a humanidade. Seremos obrigados a mudar o nosso estilo de vida, aprendendo a equilibrar o consumo de bens com a conservação dos recursos naturais. Isso tudo, em meio às mudanças climáticas e ao crescimento demográfico neste limitado e maravilhoso planeta que sempre foi o nosso lar.
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